Um dos marcos da ocupação das terras que originaram o bairro do Alecrim
foi a inauguração do Cemitério Público, em 1856, pelo Presidente da Província,
Antônio Bernardo de Passos. Raríssimas pessoas habitavam o descampado
constituído por roçados e algumas casinhas de taipa. Em 1882, o Presidente
Francisco de Gouveia Cunha Barreto colocou a primeira pedra do Lazareto da
Piedade, mais tarde Hospício dos Alienados.
Nessa época, o Alecrim era uma capoeira por onde passava a estrada velha
dos Guarapes, que dava acesso ao sertão. A Praça Pedro II teve o privilégio das
primeiras filas de casas. Conta-se que ali morava uma velha que costumava
enfeitar com ramos de alecrim os caixões dos "anjinhos"
enterrados no cemitério, daí a origem do topônimo. Outra versão fala da
abundância de alecrim-do-campo nesta área. Mas, a criação deste,
considerado o quarto bairro de Natal, deu-se somente em 23 de outubro de 1911.
O perfil do bairro começou a ser delineado a partir da administração do
Prefeito Omar O’Grady, que, em 1929, convidou o arquiteto italiano Giacomo
Palumbo, para traçar o Plano de Sistematização para expansão urbana da cidade.
Conta-se que Palumbo, sob a influência da cultura americana, desenhou um
traçado com avenidas e ruas largas, as quais registravam com números. Da
Avenida 1 até a Avenida 12, houve a associação da numeração com o nome de personagens
históricos, intercalados com nomes de tribos indígenas.
A vida cultural do Alecrim registra a existência de cinemas, até a década de 80, que, gradativamente, foram fechados: o São Luiz, o São Pedro, o São Sebastião, o Paroquial e o Olde. Nos carnavais, a cidade se voltava para ver os desfiles dos corsos (carros alegóricos dos carnavais do passado) que se realizavam nas ruas Sílvio Pélico, Amaro Barreto e adjacências.
O bairro teve, em sua história, como um dos principais pontos de encontro o bar Quitandinha na Praça Gentil Ferreira, local de “bate papo”, onde boêmios varavam as madrugadas, desde a época da II Guerra Mundial. O bairro ainda tem como marca registrada o comércio de produtos populares, com sapatarias, lojas de tecidos, produtos agrícolas e as barbearias, que resistem ao tempo. Há bares e esquinas com jogo do bicho, uma tradição do lugar.
Na década de 80, a construção do camelódromo (tentativa de resolver o problema gerado pelo conflito entre ambulantes e comerciantes estabelecidos) marcou a vida do lugar, erguido na Avenida Presidente Bandeira. Além disso, o Alecrim se notabiliza por sua feira, uma das mais tradicionais da cidade, onde antes da administração do Prefeito Gentil Ferreira de Souza, a Feira do Alecrim funcionava na praça que tem hoje o nome dele. Naquela época era chamada a Feira da Mangueira; havia ali uma imensa e antiga mangueira e as barracas se arrumavam a sombra daquela árvore. Posteriormente o Prefeito Gentil Ferreira, justificando que era para urbanizar a praça, transferiu a feira para a Av. Pres. Quaresma ( Av. 1) onde permanece até hoje. O Alecrim foi oficializado como bairro pela Lei N.º 251, de 30 de setembro de 1947, na administração do Prefeito Sylvio Piza Pedroza". A Praça Pedro II teve o privilégio das primeiras filas de casas.
O
Alecrim, quarto bairro da cidade do Natal, têm como confinantes de sua área
urbana os seguintes segmentos: Riacho do Baldo, Rua Olinto Meira, Rua
Jaguarari, Av. Bernardo Vieira e a Via Férrea até encontrar a Riacho do baldo,
neste último trecho podemos ainda destacar a Rua Pereira Pinto e a Base Naval.
Antes de se chamar Alecrim, esta área teve várias denominações. Primeiro foi
Refoles, partindo do pressuposto básico de que os piratas e mercadores
franceses vinham freqüentemente extrair o pau-brasil e outros produtos, e
sempre usaram o rio Potengi como ancoradouro para seus navios. O corsário
Jacques Riffault, no Século XVI, atracou por inúmeras vezes em nosso rio,
fazendo com que aquele local passasse a se chamar no ponto da Nau do Refoles ou
apenas Refoles.
Depois, no Século XIX, chamou-se Alto de Santa Cruz, topônimo batizado pelo
Coronel Reinaldo Lourival, filho do reconhecido poeta Lourival Açucena, com a
aprovação do vigário João Maria Cavalcanti de Brito (Padre João Maria); Na primeira
década do século XX, o bairro foi denominado “Cais do Sertão”, em razão dos
imigrantes que vinham do interior e acampavam naquela área; E finalmente,
passou a se chamar Alecrim, através do Decreto da Intendência Municipal de
Natal, datado de 23 de outubro de 1911 e oficializado em 30 de setembro de
1947, na administração do Prefeito Silvio Piza Pedroza. Um bairro não é apenas
uma área delimitada por um decreto ou um conglomerado de antigas casas e ruas
que labirintam seus acessos. O bairro antes de tudo, tem a missão de contar a
história do crescimento da cidade e do próprio lugar. Entretanto, os topônimos
de suas ruas provocam, as vezes, indagações relacionadas aos seu significado ou
aos nomes das personagens ali homenageadas. Mesmo acreditando na frase de Gene
Flower de que “Os homens que merecem monumentos não precisam deles”, o Alecrim,
quando eternizou em suas artérias, notáveis que transitaram na política
administrativa do Rio Grande do Norte, nos remiu de séculos de história
potiguar.
Quando
o Presidente da Intendência Municipal (Prefeito de Natal), Dr. Omar O´Grady,
contratou o arquiteto Giacomo Palumbo, para fazer o Plano Geral de
Sistematização da Cidade de Natal, solicitou, ao mesmo tempo, ao Instituto
Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte, a época presidido pelo Dr.
Nestor dos Santos Lima, que relacionasse vultos históricos para nomear as
avenidas já traçadas e numeradas de 1 a 18. Dentre as figuras arroladas,
estavam incluídos, levando em conta a liturgia do cargo, cinco Presidentes da
Província do Rio Grande do Norte, como eram denominados os Governadores do
nosso Estado no período colonial e durante o império.
Portanto as avenidas de 1 a 5, confinadas nos limites do bairro do Alecrim, passaram a ter as seguintes denominações: Avenida 1, Presidente Quaresma, em homenagem a Basílio Quaresma Torrão, que Governou de 1833 a 1836; Avenida 2, Presidente Bandeira, em homenagem a João Capistrano Bandeira de Melo, que Governou de 1873 a 1875; Avenida 3, Presidente José Bento em homenagem a José Bento da Cunha Figueiredo Junior, que Governou de 1860 a 1861; Avenida 4, Presidente Sarmento, em homenagem a Cassimiro José de Morais Sarmento, que Governou de 1845 a 1847; E a Avenida 5, Presidente Leão Veloso, em homenagem a Pedro Leão Veloso, que Governou de 1861 a 1863.
As demais avenidas e ruas numeradas receberam o nome de tribos indígenas ou de outras pessoas ilustres, entretanto, sem negar a importância de cada denominação, os topônimos das outras ruas numeradas ficam aqui ocultados, porque buscamos registrar apenas as artérias que tiveram denominações de Presidente da província na época colonial e do império. Esperamos, deste modo, responder as indagações de uma considerável parcela da população natalense, que curiosamente se interroga com relação às avenidas numeradas, de 1 a 5, do bairro do Alecrim: Presidente de que?
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